Tem um bloco de concreto em cima de você. Talvez a parte a maior parte dele esteja sobre o peito. Está difícil respirar? Quem sabe sobre a cabeça… essa dor que não passa. Fato é que há um bloco de concreto aí, em algum lugar. Mas você não o vê, certo?

Você também não vê o calor ou o frio. Mas os percebe. Você não vê a raiva, o amor, a tristeza, a felicidade. Mas os nota claramente, não é mesmo? Não há sombra de dúvidas quando estão presentes.

Mas e o bloco de concreto? O que é isso que você carrega para onde vai? E que é especialmente pesado quando tenta descansar, ver TV, quando tira uns dias de folga? O nome disso é CULPA. E o concurseiro é cheinho dela, não é mesmo?

Eu entendo pacas de CULPA. É algo contra o qual lutei minha vida toda e – se bobear- luto hoje ainda. Falo, portanto, com conhecimento de causa. Com o tempo, fui analisando essa culpa. E se ela também é sua companheira de todas as horas, pega seu café e vem comigo… temos muito o que conversar!

A gente só mantém um comportamento que nos serve de alguma maneira. Até as coisas ruins, das quais queremos nos livrar, em nível ao menos inconsciente, servem a um propósito do qual não queremos desapegar. Quando entendemos que determinada crença não vale de nada mais, abrimos mão. Superamos.

O que a culpa está te trazendo de bom que você não consegue abrir mão? Só você vai saber, mas vou listar algumas possibilidades para dar uma forcinha na sua reflexão:

1 – Sensação de heroísmo. Você vê honra no seu sofrimento. Você “romantiza” o processo de estudo. Você enxerga – de uma maneira estranha – algo de bonito em sofrer. Tem nada de bonito não, viu?

2 – Sensação de dívida. Alguém te dá suporte financeiro enquanto estuda. Passar em um bom concurso um dia não será suficiente. Sua dívida emocional e financeira são impagáveis. Uma verdadeira fortuna. Você colocou a pessoa em questão em uma situação ruim (coisas da sua cabeça). A pessoa poderia comprar X, Y e Z se não fosse por você, O FARDO. Só resta a autopunição. Terá que PASSAR E SOFRER. Só assim a conta maluca da sua cabeça fecha.

3 – Sensação de não merecimento. Estuda, mas no fundo sente que almeja mais do que merece. Ok, você pode até passar, mas vai ter que sofrer para se tornar merecedor.

EU, VOCÊ E A CULPA

Eu era uma concurseira com uma culpa do tamanho do mundo. Durante grande parte dos meus estudos, não trabalhei. E meus pais me bancavam. Gente, eu me sentia uma parasita! Hoje vejo como exagerei nas coisas. Todo aquele peso, como é próprio de qualquer peso que arrastamos, só atrasou a minha aprovação pois fomentou toda sorte  de comportamentos improdutivos e pouco estratégicos. Eu queria amenizar a culpa mais do que passar. Então, estudava exageramente (isso existe!) mesmo cansada e com rendimento ruim. Eu não admitia parar. Minha culpa não deixava.

Sabe uma coisa que eu tinha a maior dificuldade de diferenciar quando era concurseira? Cansaço de preguiça. A culpa confundia minha análise. Para ter certeza que pararia de estudar só quando eu estivesse verdadeiramente cansada, eu passava de todos os limites do bom senso. Uma vez estava tão, tão exausta que desmaiei na rua sem motivo algum. Foi única vez na minha vida em que desmaiei.

Acordei no colo de um senhorzinho (tadinho, não sei como ele tão pequeno e já idoso me aguentou! #gratidão) que me colocou no banco de trás do carro da minha mãe. Quase matei a coitada de susto! Fui ao médico depois. Sabe o que ele disse? Estresse. Shut down do corpo e da mente. Eu simplesmente desliguei na marra. Não parei… então meu corpo parou por mim.

Por que estou te contando isso? Para te mostrar que ESFORÇO é diferente de EXAGERO. Que ESFORÇO e SOFRIMENTO não são sinônimos! Que você deve seguir um plano ESTRATÉGICO e não se desviar dele para calar a todo momento uma “urgência” emocional quase sempre INFUNDADA. A falta de foco não existe só no campo da escolha do certame a prestar e sim no que concentramos nossos esforços emocionais.

Eu vivi o concurso com culpa. E você, está fazendo o mesmo?

OK. SEJAMOS PRAGMÁTICOS. COMO SE LIVRAR DA CULPA?

Eu acho que sempre ajuda racionalizar um pouquinho as emoções. Diferente do que a mídia propaga e alimenta, VOCÊ CONTROLA SIM GRANDE PARTE DO QUE SENTE! Deixe de lado essa ideia de que você é SUJEITO PURAMENTE PASSIVO das suas emoções. Essa é só uma desculpa conveniente que afasta de você a responsabilidade de crescer como pessoa.

Nasceu com uma característica e vai morrer com ela? Ora, se não te faz bem, deixe de lado! Claro que você precisa de autoconhecimento e treino para isso, mas dá para controlar e mudar bastante coisa! JURO!

As emoções moram do lado direito do nosso cérebro. Mas do lado esquerdo mora toda a clareza e capacidade de análise. Vamos usar um lado para ajudar o outro? A mágica, o sonhado equilíbrio, está na combinação. E as ferramentas estão aí, em algum lugar da sua cabeça.

1º – Entenda a “lógica” da culpa. Vamos fazer um mapa mental?

SLXLM

 

2º – Identifique as suas culpas. Coloque-as no diagrama acima.

Tá difícil categorizar? Vou dar um exemplo de cada, ok?

CULPA COM MOTIVO POSSÍVEL DE MUDAR: Alguém está bancando seus estudos. Você realmente tem que fazer valer o investimento da pessoa, certo? Dá para mudar o motivo da culpa? Sim! Como? Passando e dando tudo de bom para quem acreditou em você!

CULPA COM MOTIVO IMPOSSÍVEL DE MUDAR: Enrolou a vida inteira para estudar… e agora está passando muito aperto para se acostumar com a vida de concurseiro? SUPERE SEU PASSADO. Não dá para voltar no tempo! Foque no hoje!

CULPA SEM MOTIVO: Você estuda e faz o seu melhor. Ainda assim se sente culpado. SUPERE. Isso prejudica seu estudo e atrasa sua aprovação. Você não tem espaço mental para gastar com culpa. Aloque sua energia em algo produtivo.

3º – Resolva as culpas possíveis de serem mudadas.

Faça o que puder para eliminar o fato gerador da culpa com motivo possível de mudar. Para isso, use esse sentimento a princípio ruim a seu favor.

A culpa tem lá suas aplicações úteis. Se você está fazendo corpo mole diante de um projeto da magnitude de um concurso, é bom que não esteja se sentindo maravilhoso. Se estiver, não vai passar nunca!

Foque sua atenção e energia em fazer o que precisa ser feito. Transforme a culpa em impulso.

CONCLUSÃO

No tribunal da nossa cabeça, não há atenuantes. Só agravantes. Não há advogado. Nenhuma chance de defesa! Diferente do Direito, presumimos que somos culpados até que apareça prova em contrário. E essa prova nunca vem, não é? Mude isso dentro de você o quanto antes.

Não há necessidade de sofrer, de ser infeliz, de pirar, de abdicar de tudo para passar. Simples assim. Sofrimento não gera pontos na prova!

Sim, você vai mudar sua rotina, vai se esforçar muito, será emocionalmente penoso muitas vezes, implicará muitas renúncias, mas tudo dentro de uma NORMALIDADE, de um equilíbrio.  E pode baixar essa expectativa de que esse equilíbrio será perfeito que eu conheço vocês! Sossegue! Será o equilíbrio possível. E ele vai ser uma conquista DIÁRIA.

Estudar sem o bloco é puxado. Com o bloco é DESUMANO! Facilite sua vida e acelere sua aprovação. Passe com menos dores, menos efeitos colaterais. Conselho do meu pai: Quando for impossível estudar, pelo menos descanse.

Beijo!

Gabriela Knoblauch

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